![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSAEuM4wDblg_qf6C7OLLk23Sx7YUE1Jbg8XGMi-mPEBmZcJXKJBxLZ-48bEE8xrFf2nROx372e9TVQR2RepnxSlzkck2vQnchfVIg7v5hm4dWZj0Lp-5iO5oIWo2Bj0K1c-gv6wF0DVw/s320/Renoir20The20Swing.jpg)
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
[…]
E foi, então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.»
Nos poemas, Cesário Verde compara o campo e a cidade, sendo que o campo é o local de refúgio, paz e libertação, e a cidade um local de pobreza, vícios e desprezo. O poema A Débil retrata a mulher do campo numa cidade. Neste poema, Cesário ao encontrar uma mulher do campo na cidade vê nesta o que encontra no meio rural (paz). Cesário refere que a mulher está assustada e frágil, pois encontra-se num mundo desconhecido do qual ela receia. Quando refere que a quer recatada, estimada e honesta, Cesário quer dizer que a mulher deverá manter a sua personalidade, os costumes e convicções, não tem de mudar apenas por estar num mundo novo e desconhecido. Através da mulher ele mostra uma cidade corrupta e desonesta. Neste poema, Cesário mostra a sua vulnerabilidade em relação à mulher, pois ela exerce muita influência sobre ele.
Em A Débil, podemos encontrar versos decassílabos, a rima é emparelhada e interpolada. Tem adjectivações duplas e triplas (exemplo: «Eu que sou feio, sólido, leal»). Encontramos também antítese («a ti, que és ténue, dócil, recolhida,/Eu, que sou hábil, prático, viril»), metáforas («Nesta Babel tão velha e corruptora») e hipálage («Sentado à mesa dum café devasso»).
Sem comentários:
Enviar um comentário