domingo, 7 de junho de 2009

Poema "A Débil" - Cesário Verde

«Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
[…]
E foi, então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.»

Nos poemas, Cesário Verde compara o campo e a cidade, sendo que o campo é o local de refúgio, paz e libertação, e a cidade um local de pobreza, vícios e desprezo. O poema A Débil retrata a mulher do campo numa cidade. Neste poema, Cesário ao encontrar uma mulher do campo na cidade vê nesta o que encontra no meio rural (paz). Cesário refere que a mulher está assustada e frágil, pois encontra-se num mundo desconhecido do qual ela receia. Quando refere que a quer recatada, estimada e honesta, Cesário quer dizer que a mulher deverá manter a sua personalidade, os costumes e convicções, não tem de mudar apenas por estar num mundo novo e desconhecido. Através da mulher ele mostra uma cidade corrupta e desonesta. Neste poema, Cesário mostra a sua vulnerabilidade em relação à mulher, pois ela exerce muita influência sobre ele.
Em A Débil, podemos encontrar versos decassílabos, a rima é emparelhada e interpolada. Tem adjectivações duplas e triplas (exemplo: «Eu que sou feio, sólido, leal»). Encontramos também antítese («a ti, que és ténue, dócil, recolhida,/Eu, que sou hábil, prático, viril»), metáforas («Nesta Babel tão velha e corruptora») e hipálage («Sentado à mesa dum café devasso»).

sábado, 6 de junho de 2009

Cesário Verde

Reflexão da frase: "Por isso, além de ser (como se tornou tópico, aliás justificado, da crítica da obra de Cesário) réplica poética do realismo irónico queirosiano – em confronto com as transformações e os problemas do quotidiano urbano e rural, por tempos de aclimatização fontista ao Progresso da civilização técnico-industrial –, o realismo lírico de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista, «com versos magistrais, salubres e sinceros»."
Assim, como Eça de Queirós, Cesário Verde retrata, nas suas obras, os problemas e transformações da sociedade portuguesa da época (século XIX), ambos revelam a verdade dura e crua. Esta época é caracterizada por transformações técnico-industriais, sociais e políticas. O século XIX ficou marcado pela evolução da indústria e dos transportes, trazendo uma nova vida à sociedade: surgiu a classe operária (esta classe era caracterizada por ser pobre) e a classe burguesa emergiu na sociedade. Consequentemente, os modos e os hábitos da sociedade modificaram-se. A sociedade tornou-se, sobretudo, urbana.
Nos seus "versos magistrais, salubres e sinceros", Cesário Verde é objectivo, claro e real, mas, ao mesmo tempo, irónico. Os seus versos são como uma pintura da realidade, contudo, mantém "o reforço de autenticidade anti-retoricista".

domingo, 29 de março de 2009

Alexandre Herculano

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em 1810 (Lisboa) e morreu em 1877 (Santarém). Foi um escritor da era do Romantismo, poeta, jornalista e historiador. A sua juventude foi marcada pelas invasões francesas, pelas ideias liberais e pelo domínio inglês em Portugal. Frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry até aos 15 anos, onde recebe uma formação essencialmente clássica, contudo aberta às novas ideias científicas. Adquiriu uma formação sólida que foi decisiva para a sua obra literária. Participa na revolta contra os miguelistas em 1831, que o leva a exilar-se após o fracasso da revolta militar. Mais tarde volta a fazer parte de uma outra revolta decisiva para derrubar o governo absolutista de D. Miguel. É nomeado bibliotecário na Biblioteca do Porto. Foi convidado a redigir a Revista Panorama, de Lisboa. Em 1842 publica Eurico o Presbítero. A publicação de História de Portugal, publicado em 1846, uma obra historiográfica científica em Portugal, dá-lhe grande prestígio. Recusou convites para fazer parte do governo, pois era adepto da Carta Constitucional de 1826. Alexandre Herculano recusou também condecorações e honras pela sua obra literária e científica. Retira-se da escrita e abandona o cargo de Presidente da Câmara de Belém para se refugiar na sua quinta em Santarém, onde acaba por morrer. Foi responsável pela introdução e desenvolvimento da narrativa em Portugal, juntamente com Almeida Garrett. Considerados os introdutores do romantismo no país.

Bernardim Ribeiro

Bernardim Ribeiro foi um escritor português renascentista. Não se sabe ao certo a sua data de nascimento nem do seu falecimento, apenas que nasceu em Torrão. Presume-se que frequentou a universidade entre 1507 e 1512. Frequentou a Corte de Lisboa. Foi nomeado escrivão da Câmara de D. João III. Alguns dos seus poemas foram incluídos no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, publicado em 1516. É o autor da famosa novela Menina e Moça publicado em 1554.